Quase chegando aos vinte anos, percebi o vazio em que estou rodeada, fico melancólica. Esperei, de verdade, não adianta dizer que um dia vai aparecer porque é difícil acreditar hoje em dia. Talvez foram os filmes ou os livros que mergulharam minha alma em sentimentos mentirosos e irreais. Talvez seja da minha própria natureza ou seja genético.
Fico me perguntando e rondando pelo mundo sem nem saber para onde vou e me pergunto: existe paixão? Nunca me senti apaixonada, de forma nenhuma. Depois, nos meus devaneios secretos, não querendo admitir, mas já sabendo a resposta, me pergunto se já senti de verdade. Posso contar os momentos. É claro que sempre foi mais fácil ser triste, taciturna, meu problema é a felicidade. Pode parecer clichê, ou talvez óbvio para alguns, mas a felicidade não se aproxima de mim facilmente.
Lembro dos momentos, é claro. Sei que fui cruel, sempre. Minhas palavras regadas de veneno são um reflexo do rancor que sinto da felicidade, da raiva da alegria que sempre me abandonou. Então, começo a enlouquecer, gritar, chorar, sem sentido, sem razão. As lágrimas angustiam menos, me fazem esquecer a vida e o drama é uma desculpa para meus erros.
Se a conclusão não pudesse ser pior tem a mais odiosa verdade, existem os outros. Sim. No mundo real eu não sou assunto principal, ninguém está pronto esperando para ouvir minhas carências e lamentos. Armas. Minha ironia e humor ácido são minhas melhores armas contra aqueles que me ameaçam a sentir. Luto contra a correnteza de risos na madrugada, de beijos na varanda e do sol se pondo após mais um dia de lágrimas e festa.
Minha cara H,
ResponderExcluirPoderia aqui me limitar a comentar o texto, pondo de lado o tanto que te conheço, mas não acho justo.
Acho que a forma que você se apresenta, pessoalmente, luta contra você.
Se apenas não se apaixonassem por você, vá lá, mas VOCÊ não se apaixona.
Será que não é porque você nunca se dá o papel principal no seu próprio roteiro(cinéfilo mode on)?
H, você escreve lindamente, você é de uma inteligência inacreditável, bonita e uma companhia de uma lealdade memorável.
Não há motivo para você ser "sideshow" de você mesma.
Esse seu "veneno", seu "humor ácido" e esse suposto ódio à felicidade alheia não passa da tentativa INCORRETA de puxar holofotes pra o "sideshow".
Você, Hilda, é linda...uma pessoa adorável. Não adianta nos enganar.
Ah, e escreve muito bem tbm.
Beijões
Tenho visto você brilhar de forma diletante, ou pior, desinteressada.
Acordo mode on (Vide comentário no post anterior)
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