sábado, 27 de novembro de 2010

Olhos Frios

A dor rasga. Perfura. Olhando aquele mar sem brilho, me pergunto onde está ele. Na realidade, não há recordações em que não apareça. Sua música toca bem distante e sei que estaria triste ao ver minhas lágrimas e faria questão de me dizer "estou aqui, não existem mais problemas". Sempre fez isso, na verdade.
Um turbilhão de pensamentos e todo o resto fica distante. Uma solidão imensa me perturba, um vazio e a angustia que já me perseguia ainda quando você existia. Não entendo de tristeza, assim como você também não entendia. Somente sinto. Sinto a lancinante verdade me absorver, me torturar até eu não aguentar e fechar os olhos desistindo de tudo, de todos.
A praia, as ondas se transformam no seu sorriso, nas recordações de um tempo melhor. Você me persegue em todos os lugares, não há momento em que, distraída, não pense em você. Você. Não consigo nem mais escrever racionalmente. As palavras me vêm e eu não consigo expressa-las muito bem.
 Sempre me ensinou que não devemos escrever com o sofrimento pulsante, que devemos ser um pouco Pessoa e não sentir, ser um poeta fingidor. Queria poder, agora, ser assim. Escrever versos sem lembranças, sem lágrimas e sem sentir, ainda, seu corpo frio em minhas mãos.

3 comentários:

  1. Incrível como suas palavras me fazem sentir a presença dele! Cada dia, você me encanta mais com sua escrita!!

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  2. MUUUUITO Bom, H.

    Gostei BASTANTE desse texto. tocante sem excessos e forçações e com uma verve que logo se nota que foi escrito muito mais com a alma do que com a razão.

    Beijos

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  3. Você já viu os cavalos alados. Agora é hora de enxergar a luz do sol. Porque cada momento é experiência pra quem ainda se levanta. Honrar é viver. E ainda há muito disso em você.

    Pra travar um diálogo: http://teatrosaladistar.com/amamaia/frutos-espelho/e-essa-sede-que-nunca-cessa

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