sábado, 27 de novembro de 2010

Conversando com o nada

      Após mais um longo dia (trabalhando num sábado) olho a vida pela janela. "Talvez pedi demais", pensei. Hoje, já é tarde para perceber isso. Me arrependo de não ter tentado enquanto era possível. As oportunidades sempre escorregam das minhas mãos e fico sem ar, parada. Nenhum movimento.
      Sem ar fico cambaleando sem destino. Aqueles olhos que me rodeiam. Cantam alegres, sempre. A canção se repete muitas vezes, o mais engraçado é que sei que irá começar de novo. Mas, ainda assim, espero, paciente, mas apreensiva. Nada é novidade, nada passa despercebido. 
       Possuo muitas manias que me corroem e são as armas que uso contra mim mesma. Às vezes não entendo e fico até espantada com a loucura da vida. Como uma palavra repetida pode mudar o sentido das coisas. Porque? Isso já não sei responder.Somente sei  que ele não me deu nada, cobrou, sim, cobrou os minutos passageiros de prazer.
       Mas, já esperava por isso também. na vida não existe novidade, só uma ressifignicação de coisas antigas. Sentada, escrevo coisas sem sentidos, mas que, de alguma maneira, deve lembrar algo, aquilo que todo mundo já leu. O que se modifica são nomes, nomes das pessoas que escrevem. 
         Não reclamo. De verdade, não me incomoda. Só me faz refletir que é isso que é a vida. É para viver uma série de repetições que todos ficam agitados, nervosos, apreensivos. Olham no relógio para saber quantos minutos faltam para acabar o horário de trabalho, torcem para que as férias cheguem, que o dia feliz se aproxime.
        Não querendo ser amarga demais, mas sim sincera o suficiente, pergunto: quando é que esse dia chegará. Enquanto almoço já penso no que farei para o jantar, esperançosa, ansiosa. No jantar, anseio para que, no outro dia, tudo dê certo. O ser humano gosta mais da espera do que dos acontecimentos em si. Se arrumar para ir à algum lugar, combinar de ir dançar muito numa festa.
         Afinal, como concluir um texto que fala sobre o nada. Talvez com silêncio, sem palavras e sim relaxando, tomando mais um copo e ouvindo Johnny Cash ansiando pelo dia de 
amanhã.



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