terça-feira, 29 de novembro de 2011

E o calor...

Pela noite passeio agitada, olhos inquietos que deslumbram-se com a madrugada. A vida noturna me encanta e sou embriaga pela lua que me beija. Sonho acordada e o desejo de sorver estrelas quentes e servi-las em meu corpo arrepiado pelo mar. Sussurros e gritos de lunáticos que drogam-se e riem na areia molhada. Moedas se vão, amores retornam e um coração que cobre-se de felicidade.
O sol em seu primeiro raio já lembra a tortura do silêncio. A vida numa prisão dourada e as voltas infinitas de luzes estouradas. Mais um dia e as pessoas correm. Mas para onde,ora essa? Como amar um mundo tão acordado e que estraga as doces aventuras.
Quero cantar, dançar, amar, trabalhar, sonhar, viver à noite. A linda e misteriosa noite que embala, transforma e acende minha vontade de viver.

domingo, 27 de novembro de 2011

No luar antigo

Minha livre pele que queima entre corpos nus, arde de veneno e desejo. Não posso relutar por um instante que vá correndo em busca de outros beijos. Terna, meiga e sonsa, me aproximo do teu cálido corpo. A madrugada zombeteira e triste dá lugar ao sol irresoluto. Danço no ar correndo entre as nuvens serelepes. Pensa que pode me assustar com seus gritos breves? Oh, bruma sem fim, mistério para mim não há. Já em outros olhos as mesmas chamas que tentaram me embebedar.
Um eu-lírico amargo e a vontade de que janeiro me enlace. A vida num suspiro de tristeza e a solidão que me embala em multidões caladas. Nem mais um trago do veneno mais doce, que me acalmava entre lágrimas e passageiras lembranças.Agora é só esperar pelo dia em que sorverei novamente mais um gole de uma gelada paixão.
Estranho ou não, mergulhada nos braços de Orfeu, recordo dos dias em que não precisava me preocupar com que horas precisava chegar. Ontem, semana passada. Oh, dias gloriosos. Já cheguei no limite da farsa. Sou livre, ora, não há quem me amarre, prenda ou, até mesmo, me faça sofrer por mais de cinco minutos. Pena para você, sorrisos para mim. Adeus madrugada louca. Voltarei para o ingrato dever de casa e mais um copo de suco vazio.

domingo, 13 de novembro de 2011

Confusões de um moribundo sonhador

Descia ligeiro. Era um sonho que parecia não acabar. Olhava apreensivo para o relógio, não funcionava, nunca iria funcionar. Preso entre duas realidades, sufocado entre o real e o imaginário, fugia como um louco arrependido dos dias em que a chuva roubava-lhe a saúde e a paz. Mas era hora de trabalhar. "De novo?", se perguntava. Havia trabalhado na segunda e na terça. Porque quarta novamente? Caia na imensidão irretocável, na magia de um dantesco mundo onde o centro era sua cadeira.
E dormiu ... ou acordou, não sabia. Um dos mundo começara e o outro terminou. Ou...ou...ou..já não sabia e sentia o mesmo frescor juvenil de outrora. A confusão sobre o futuro e a vontade de passar por tudo aquilo para depois viver. Na verdade, é como fazemos todos, passamos pela vida e não a vivemos.
Triste, dançava pela areia e mergulhava no luar. Vozes sussurraram em seu ouvido hermético, fonético, imagético, sinestésico. Voava e tropeçou para beijar a boca da amada e cobri-lhe de afagos. E o jogo do amor era mais uma ilusão para não lembrar que voltaria para o sonho. Aquele lugar terrível em que passava todas as horas sentado. Ou será a vida real?
Gritou desesperado e sentiu sua fronte latejar fortemente. A dor penetrou todo seu corpo. Não conseguia pensar, nem falar. Sentia somente a dor cravada em sua cabeça.Urrava e seu corpo zombava dele e aumentava o tormento de um solitário forasteiro que não sabia de quem era peça de um tabuleiro. Triste cavalheiro, pelas trevas da morte foi devastado e não mais viveu, sonhou ou respirou. Ninguém ouviu mais falar dele, ninguém jamais soube para onde foi.