quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

E num sonho, um amigo

E num mar de orgulho mergulhei. Foi tão profundo que não pude enxergar mais nada. A dor em meio a distúrbios. Eu a louca, enquanto caminhava com um antigo bufão. As lágrimas dele eram mais amargas que as minhas, mas, em algum ponto, de um longo caminho, me escutou. Nada disse, só ouvia as palavras de uma pobre ninfa que lhe contava as mazelas do amor. Enquanto lívida corria lágrimas, suspirava e a levava para longe do martírio.
O mal, em traje de anjo, tenta aproximar a pobre ninfa do cavalheiro sonhador que cantava versos já para outra amada. O dom das rimas deixava-o louco. Palavras, sensações e a certeza que a dor de amar era a mais prazerosa.Um sorriso louco e as lembranças de quando ainda sonhava. Se era mesmo algo para se sonhar, por que as marcas num corpo dourado? Não sabia, ninguém sabia. O que pode-se entender da tristeza? Somente aquela fria donzela com um corpo já maculado. Incertezas do mundo, da vida. Um longo gole de um doce absinto e o sangue que escorre num rosto cheio de mar e luz.
Somente um longo caminhar de uma rua íngreme já conhecida. Sorrisos e confidencias de uma fraca sensação que já não existe luar. Oh!  Oh, querido bufão, como poderei esquecer nossas dívidas, nossas lamúrias e os pássaros que cantam enquanto lembramos daqueles que já se foram enterrados sobre o entardecer.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

A queda

Mais um gole de um sonho louco e a vida que para por um instante. Vinte, trinta dias de loucura e solidão. Intensamente fiz escolhas, optei por sentir mais, essa é a minha droga. Um ódio que pulsa, um beijo que não acaba, até poderia ser minha maior qualidade. A grandeza do sentir. Vodca, cigarros, cervejas que me banham, me inundam, mas não são suficiente para guardar palavras. Não, não sou assim. Quero dizer, quero lembrar, prefiro sofrer a não usar a minha cruel sinceridade, a não expurgar o desejo da minha verdade. A tristeza que há em mim refletida pela dor de saber que não escolhi deixá-lo.
Hoje queria sim uma borracha, uma máquina do tempo. Não para mudar o que disse e sim para apagá-lo desse mês que me devora. Seria ainda sem máculas, acreditando em dias tranquilos.Uma lente de aumento, para ele. Para mim, diminuo as consequência, não disse ainda tudo que queria. Mas basta. Sei que, no fundo, minha alma bêbada sussurrou e me empurrou para a loucura. Não posso obrigar ninguém a me entender e na tentativa caí num profundo abismo e as marcas no meu corpo são a prova constante de que não só de impulsos e Carpe Diem vive o homem.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Sobre uma noite de sábado

Embebida por mais uma noite de jogos e festa deixo escorrer as palavras que lentamente caem de meu rosto sombrio. O calor dos afagos não compensam a dor da mentira em terras frias. Um silêncio e meu coração palpita sabendo que julguei mal o cavaleiro que outrora beijei. Tortura amarga e um grito sussurrado em meu peito calado. A fumaça de um cigarro que verteriam-se em lágrimas se acaso deixasse. Sons, cores, brigas e movimentos de uma ninfa ainda jovem. Minha visão turva, meus olhos embargados de madrugada. Noite confusa, engano que dilacera a alma. Um amigo desfeito é outro que se aproxima.
 Quero a brandura de um sol flamejante e a certeza que não serei jamais envolvida por mistérios. Um príncipe fantasiado de fera e um bandido que sorriu com seus olhos de ressaca. Deito-me entre folhas douradas e espero por uma verdade como a daquele guerreiro que mora na lua.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

E na noite de um pequeno poeta

E nos seus cabelos me emaranhei muito rápido. De tal forma que nem percebi que sentia uma crescente vontade, um desejo. Não era paixão ou amor. Na realidade, um sentimento que pulsava em minhas veias fracas. Teus beijos me deixaram louca e não tu de verdade. Contava moedas em seus bolsos vazios, te estendi um copo já cálido e fervia. Em meus sonhos me avisou que por mim já não sofria. Eu, a idiota, sonhava com mais uma noite de beijos ardentes. Teu ser tão rasteiro, tão pouco nobre. Eu já não me reconhecia. O que tu despertou em mim era do que fugia. Por isso, drástica, me afasto, antes que o desejo da carne se torne sentimento.