segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Falando com o vento

Palavras soltas no ar. Uma viagem proporcionada pelos melhores venenos. Uma carteira de Hollywoood pela metade e mais um trago de um vinho barato. Muitos, muitos estavam presentes. Era mais uma festinha de crianças de quase trinta anos, a lua cheia e uma mente vazia mascarada por discursos cheios de empáfia. Mãos ansiosas procuram um razão para gesticular e criticar o mundo em que habitam.
Mas como faze-lo se mais da metade do tempo estavam dopados,  sufocados pela fumaça da doce Cânabis. Não enxergar a realidade impede-os de poder falar da mesma. Uma classe média barata que foge de empregos para curtir os momentos mais interessantes da vida. Porém, se por um dia, vivessem como aqueles que desprezam, sóbrios, ricos e com o carro da última geração, provavelmente seriam imersos na calmaria de ventos mais tranquilos.
Posso falar e ninguém me entender, posso gritar e o universo estar mudo. Estou só. Mas de algo eu sei, a hipocrisia de menininhos que ainda moram com suas mães, não pagam contas, não acordam com problemas palpáveis é grande. A alienação também os alcança. Fato. É... pobre daqueles que não enxergam a mais de um palmo à sua frente.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Depois de um sonho

Acordei hoje com essa música de Cole Porter na cabeça. Há algum tempo não escutava. Lembro da minha adolescência, do ano que passou, de momentos e pessoas em minha vida.




NIGHT AND DAY
Like the beat beat beat of the tom-tom
When the jungle shadows fall
Like the tick tick tock of the stately clock
As it stands against the wall
Like the drip drip drip of the raindrops
When the summer shower is through
So a voice within me keeps repeating you, you, you
Night and day, you are the one
Only you beneath the moon or under the sun
Whether near to me, or far
Its no matter darling where you are
I think of you
Day and night, night and day, why is it so
That this longing for you follows wherever I go
In the roaring traffics boom
In the silence of my lonely room
I think of you
Day and night, night and day
Under the hide of me
Theres an oh such a hungry yearning burning inside of me
And this torment wont be through
Until you let me spend my life making love to you
Day and night, night and day

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

O sonho de um deus

Sentado numa cadeira de ouro, olhava seus súditos que tentavam o alcançar. Era de longe o mais bonito dos deuses e mais inteligente também.  Não cansava de ouvir as ninfas que sussurravam em seus ouvidos impropérios de paixão. Nenhuma delas era importante. Somente as palavras que amaciavam seu espírito vaidoso.

De longe, uma bela dama olhava aquele narciso que parecia-lhe distante de tanta luz que o rodeava. Para ela, um ser revoltante. Já havia amado guerreiro, cavaleiros errantes. Não se impressionava com o brilho de um deus sonhador. Um anjo dançava entre nuvens douradas sob a cólera daquele que não sabia amar.

O deus de repente sentiu seu coração congelar. O mundo de cores e lira parou de existir. Versos, fantasias e a sede de uma paixão pueril. Olhou aquela que o encarava. Seus olhos de ressaca e uma boca vermelha. Seu peito flamejava, ardia de dor e delírio. Petrificado, olhava seus gestos e sonhava em ouvir sua voz. 

Lanças da madrugada, beijos imaginários, voavam num céu de estrelas. Aquela mulher não parecia real. Sua beleza cegou aquele que a admirava. Um louco apaixonado que nada mais podia ouvir, falar. Queria aproximar-se daquela dama de chamas, mas seu corpo estava numa letargia irreal.

Porém, tão rápida quanto surgiu, desapareceu por entre as flores de um céu que se tornou amargo. Quem outrora reinava sobre as estrelas, tornou-se um homem sozinho e infeliz caído ao lado de sua dourada cadeira de deus.