quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Onde morrem as flores

Ela olhava as folhas que caiam tristes daquela árvore já esquecida. Eram histórias antigas que faziam da ninfa nada mais do que uma menina solitária. Um balanço vazio e aquele jardim quase morto. Chorava, as nuvens corriam selvagens num céu ensolarado de dezembro. Não entendia o sangue que jorrava por suas pernas tremulas. Esse medo, era aquele medo que teve em toda sua vida.
Uma angústia infinita e as marcas deixadas pela vida que nunca mais vão embora. Procurava ansiosa, em vão, um amigo perdido entre as flores murchas que desmanchavam do seu peito. Uma dor que precisava de afago, mas nenhum afago seria suficiente. Sentiu o gosto do sal da água que rolava em seu rosto cansado. Um último pôr do sol, só mais um, antes de não mais viver.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Leidenschaft

Mais uma noite escura numa madrugada fria de outubro. Ele tomava a ninfa sonhadora em seus braços enquanto uma música antiga tocava longe, quase imperceptível. Puxava seus longos cabelos e dizia impropérios banhados pelo luar. Era ele. Era ele, e não o outro, cavaleiro escolhido para caminhar em delírios e, sem medo, devanear.
Tempestade e silêncio. O coração que para e a dor que, aos poucos, deixa de existir. Via cada flor que caía em sua varanda e a chuva que embaçava a janela de seu quarto. Suspiros e afagos, lancinantes pensamentos que palpitavam na mente da menina que um dia não teve esperanças.
Não tinha o controle dessa vez, a madrugada lhe dava um beijo doce e manso, condenando o dia e o sol prestes a raiar. Temia que aquele momento não voltasse, nunca se superasse, mas sorria quietinha, num cálido deleite e, então, não mais respirar.