domingo, 26 de dezembro de 2010

Regada à Viansatã

   Um dia fiquei olhando o céu sem movimento e então refleti sobre os últimos acontecimentos na minha vida. Como sou sempre aquela que se recorda das tristezas comecei a me lembrar desse semestre que passou voando, tão rápido que nem pude respirar e aceitar os acontecimentos.
   Primeiro, a dor de saber que o passado não volta. Aqueles que antes me rodeavam não me olharam como única, tenho agora que voltar a carregar o antigo peso que sempre me acompanha. Sempre está lá. Persegue-me e me faz lembrar das máculas na minha alma, daquilo que me faz mais uma na multidão, só. Me sinto sozinha na maioria do tempo. Não gostaria que fosse assim, mas, na realidade, não tenho como fugir, é um fato consumado. Os momentos sem aquela pessoa que viola as frações de segundo em que podia respirar, me sentir completa e sorrir não existem mais, mas, a tortura me acompanha e lá está ela sorrindo e me lembrando que nunca serei feliz.
   Foi assim que tudo desmoronou e novamente me senti só. Me entreguei aos prazeres efêmeros e parecia tudo bem. Meu sorriso falso brilhava como o Sol apagado da minha vida que não fazia mais tanto sentido. Mas, eu precisava estar lá. Às vezes somente para estar lá. A ruptura foi maior. Porque tinha que ser. Então, fugi do mundo que me aprisionava na tentativa de buscar a felicidade. Sem um tostão, sem memórias, sem ter como pensar, vivi e continuei lá. Continuei ali, com todas as dificuldades de uma vida sozinha. Sim, novamente só trilhei mais um tortuoso caminho. Mas, não era o bastante. Tinha que perder meu chão, meu eixo e aquele que me dava o apoio para continuar se foi com as estrelas.
   Foi aí que desisti de muito, de quase tudo. Mas, continuei lá. Rindo para os conflitos que me perfuravam, cortavam meu corpo fraco e tirava de mim o sentido de viver. Ali, sorria, bebia e deixei para meus cigarros a solução para o amanhã. Olhei a janela vazia e a vi lá. Zombando da minha tristeza, ela continuava lá. Esperando por mais um instante da minha paz, porque o meu refúgio era prazer dela destruir.
   Lutei, tentei e parece que ainda estou em pé. Mas, aqueles ao redor continuam jogando pedras na minha alma ainda dilacerada. Ela está com sons ao longe e  percebo minha vida inútil e minha presença dispensável. Sinceramente, aqueles que querem ficar junto, somente, não devem me chamar para dançar ao luar e, por favor, devem me esquecer, para sempre.

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