quinta-feira, 21 de julho de 2011

Santiago

Calada sorrio de tudo o que já disse um dia. Não me irrito, nem sou mais capaz disso. A felicidade que sempre fingi desprezar me convidou para ficar ao seu lado e não consegui dizer não. O dia está ensolarado demais. De repente, percebo que estou cantando, flutuando, distraída em pensamentos que voam. Não consigo mais sentir-me solitária, não acendo mais cigarros na madrugada.
Então temo. Temo perder minha inspiração para escrever. Porque sempre escrevi sobre coisas tristes, sobre o que me angustiava. Uma garota olha a lua pela janela e vê seu reflexo na chuva. Todos dormem e ainda falo sentindo o frio de mais uma noite de junho.
Meus versos alegres mancham minha taciturnidade resoluta que parecia  nunca me deixar. Não entendo quem sou eu e em quem estou me tornando. Tudo é estranho, novo. O mundo brilha, sempre em festa enquanto não enxergo nem mais um centavo da maldade humana. Parto andando em silêncio e aproveitando cada passo dessa estrada.

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