Delícia amarga de um peito arfante numa madrugada fria.Seus olhos languidos calavam o silêncio de uma madrugada triste e cheia de fantasias.Era ela, novamente.Pálida ninfa,sereia dos sonhos indesejados, cravando-lhe na alma a lança da dor. Lentamente, deitava no chão que fervia e delirava num vício que sabia que não era seu, nem de ninguém.
Ele, numa cadeira dourada rodeada de rosas em chamas.Ardia,ardia num profundo pavor,num delicioso medo.Tudo era permitido e proibido.Risos altos da varanda ao lado. Fumaças e mais uma dose de vodka russa,sempre russa. Dançava entre palavras e sussurros enquanto o outro a assistia. Dança perigosa e sutil. Afagos, beijos,pele e mais vícios.
A luz e as cinzas, um cigarro flutua na escuridão. Volte, ela gritava,ao amado que partia entre as nuvens. Sua mente enlouquecia, seus gritos mudos se espalhavam na imensidão do nada. Luzes e raios de uma tempesade que não se acaba, de um tormento que é eterno, das lágrimas que salgam e amargam a vida daquela menina, sereia,ninfa.
Lábios rubros e olhos fechados. Carne viva e dilacerada. Fugindo sem rumo, viajando ao luar, de porto em porto buscando alguém que já não existe. Sentava na varanda enquanto lia mais um poema sujo que alimentava seu espírito. Poetas imundos como ela. A bela dama que sorria para o mundo que tanto a odiava, sorria engulindo as lágrimas, clamando por um novo dia que seria igual ao anterior. Dorme sereia,dorme...no seu mar de pranto e solidão.
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