domingo, 13 de novembro de 2011

Confusões de um moribundo sonhador

Descia ligeiro. Era um sonho que parecia não acabar. Olhava apreensivo para o relógio, não funcionava, nunca iria funcionar. Preso entre duas realidades, sufocado entre o real e o imaginário, fugia como um louco arrependido dos dias em que a chuva roubava-lhe a saúde e a paz. Mas era hora de trabalhar. "De novo?", se perguntava. Havia trabalhado na segunda e na terça. Porque quarta novamente? Caia na imensidão irretocável, na magia de um dantesco mundo onde o centro era sua cadeira.
E dormiu ... ou acordou, não sabia. Um dos mundo começara e o outro terminou. Ou...ou...ou..já não sabia e sentia o mesmo frescor juvenil de outrora. A confusão sobre o futuro e a vontade de passar por tudo aquilo para depois viver. Na verdade, é como fazemos todos, passamos pela vida e não a vivemos.
Triste, dançava pela areia e mergulhava no luar. Vozes sussurraram em seu ouvido hermético, fonético, imagético, sinestésico. Voava e tropeçou para beijar a boca da amada e cobri-lhe de afagos. E o jogo do amor era mais uma ilusão para não lembrar que voltaria para o sonho. Aquele lugar terrível em que passava todas as horas sentado. Ou será a vida real?
Gritou desesperado e sentiu sua fronte latejar fortemente. A dor penetrou todo seu corpo. Não conseguia pensar, nem falar. Sentia somente a dor cravada em sua cabeça.Urrava e seu corpo zombava dele e aumentava o tormento de um solitário forasteiro que não sabia de quem era peça de um tabuleiro. Triste cavalheiro, pelas trevas da morte foi devastado e não mais viveu, sonhou ou respirou. Ninguém ouviu mais falar dele, ninguém jamais soube para onde foi.

2 comentários:

  1. Ufa. Sempre fico sufocada lendo seus textos. Parabéns, darling! Belo texto!

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  2. Um toque bem "Imaginário". Gostei muito, especialmente do final. Parabéns.

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