Descia ligeiro. Era um sonho que parecia não acabar. Olhava apreensivo para o relógio, não funcionava, nunca iria funcionar. Preso entre duas realidades, sufocado entre o real e o imaginário, fugia como um louco arrependido dos dias em que a chuva roubava-lhe a saúde e a paz. Mas era hora de trabalhar. "De novo?", se perguntava. Havia trabalhado na segunda e na terça. Porque quarta novamente? Caia na imensidão irretocável, na magia de um dantesco mundo onde o centro era sua cadeira.
E dormiu ... ou acordou, não sabia. Um dos mundo começara e o outro terminou. Ou...ou...ou..já não sabia e sentia o mesmo frescor juvenil de outrora. A confusão sobre o futuro e a vontade de passar por tudo aquilo para depois viver. Na verdade, é como fazemos todos, passamos pela vida e não a vivemos.
Triste, dançava pela areia e mergulhava no luar. Vozes sussurraram em seu ouvido hermético, fonético, imagético, sinestésico. Voava e tropeçou para beijar a boca da amada e cobri-lhe de afagos. E o jogo do amor era mais uma ilusão para não lembrar que voltaria para o sonho. Aquele lugar terrível em que passava todas as horas sentado. Ou será a vida real?
Gritou desesperado e sentiu sua fronte latejar fortemente. A dor penetrou todo seu corpo. Não conseguia pensar, nem falar. Sentia somente a dor cravada em sua cabeça.Urrava e seu corpo zombava dele e aumentava o tormento de um solitário forasteiro que não sabia de quem era peça de um tabuleiro. Triste cavalheiro, pelas trevas da morte foi devastado e não mais viveu, sonhou ou respirou. Ninguém ouviu mais falar dele, ninguém jamais soube para onde foi.
Ufa. Sempre fico sufocada lendo seus textos. Parabéns, darling! Belo texto!
ResponderExcluirUm toque bem "Imaginário". Gostei muito, especialmente do final. Parabéns.
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